Cumpriu-se Coimbra!

Ontem teria sido noite de Serenata Monumental a marcar mais uma abertura da Queima das Fitas, mas este ano Coimbra não terá Noites do Parque. Decidiu-se então na Academia fazer uma Serenata Simbólica na Via Latina, sem público, Porta Férrea fechada, apenas como forma de assinalar o momento! Nesta noite, deviam cumprir-se caloiros e finalistas, assim foi a maneira que se encontrou de se cumprir Coimbra! A serenata foi transmitida na televisão, na rádio, pelas redes sociais e pelos media da AAC. Foi uma iniciativa bonita… ainda que em casa e nestes moldes dos tempos do bicho, não nos podemos esquecer das datas e momentos que marcam as nossas histórias como pessoas e em comunidade!

Atrevo-me a dizer que nunca antes tínhamos vivido nada tão disruptivo com as nossas normalidades, sejam elas quais forem que isto em matéria de conceitos de normalidade há muitos (e ainda bem que cada um tinha a liberdade de fazer o seu normal). Poucas serão as pessoas vivas que ainda se lembram de viver na pele os horrores da II Guerra Mundial… E depois dela, e antes desta pandemia, nada afetou tanto a humanidade inteira como aquilo que estamos a viver agora. Não menosprezando as guerras que sabemos existirem pelo mundo, a fome nos países mais pobres, a pobreza espalhada pelos quatro cantos do planeta… Nada afetou esta bola azul de uma forma tão inesperada e enclausurante como esta coisa que ninguém vê, que ninguém ouve, que a ciência define como uma coisa que nem está viva nem está morta. No nosso mundo binário, no meu pensamento binário é complicado de entender esta realidade… Assim como tantas outras coisas que lhe estão associadas e ainda mais todas aquelas que ainda não sabemos!

Às vezes penso que estamos apenas a viver num filme americano que, mais minuto ou menos minutos, vai ter de acabar… mas sempre que pestanejo, a saga continua. É verdade que os nossos avós foram para a guerra e que nós essencialmente só temos que ficar em casa. Mas sem tirar a verdade destas diferenças, também é preciso ter noção que ficar em casa é muito mais que apenas ficar em casa. São os abraços que se perdem, os aniversários que não se festejam, os beijos que não damos, as celebrações que se esvaziam, o poder do contacto que se esvai… Para podermos ganhar em vida amanhã, estamos a perder a vida de hoje. Por estes dias, sobrevivemos! Mas que assim seja para que no depois do tempo do bicho não nos faltam os braços para os abraços, os corações cheios de amor para se cumprirem os suspensos afectos!

Como se ouve neste Fado de Coimbra: É preciso acreditar!

Fim!

«Uma janela é sempre um meio de comunicação, uma ponte, uma ligação entre os dois mundos que vivem de cada um dos seus lados… Uma janela é um ponto de partida, um local do pensamento, um telescópio para o mundo que há-de vir… Uma janela é sempre uma janela que podemos abrir ou fechar consoante precisamos de mais ou menos ar fresco…»

Foi assim que comecei este meu blogue! Foram estas as minhas primeiras palavras sobre aquilo que ele era, ou que eu queria que ele fosse! Durante muitos meses fomos amigos de jornada quase diária. Era desta janela que eu via o mundo, era quando chegava aqui que eu respirava fundo e encontrava as palavras certas para desabafar e poder continuar a minha caminhada. Mas as caminhadas mudam de rumo, às vezes mudam até os próprios caminhos. Nos últimos tempos, tenho vindo mesmo a perceber que, muitas vezes, somos mesmos obrigados a mudar até as nossas janelas. Hoje, 2311 dias depois, vou deixar de janelar aqui!

O que cá está fica para sempre, é essa a promessa da Internet. Nas linhas deste mundo tecnológico tudo ficará guardado eternamente. Com estas palavras que fui escrevendo ao longo de mais de 300 semanas ficam também muitas alegrias, muitas tristezas, mas acima de tudo muitos momentos da vida que me pulsou no peito ao longo deste quase 7 anos de partilhas!

Houve posts para todos os gostos: descritivos, analíticos, emocionais, literários, musicais, doentios, humorísticos e até vazios. Afinal os nossos dias são cheios de tudo, do muito e do pouco e outras vezes até do simples nada! A minha certeza neste momento é que cada publicação valeu a pena por muitos motivos: por ter podido escrever e brincar com as palavras, por ter podido contar as histórias que se somavam na minha cabeça, por ter podido partilhar ideias e sentimentos com quem sempre janelou comigo!

Porém, tal como já dizia Camões: «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades». E depois de eu ter vindo aqui 500 vezes dizer qualquer coisa, acordei diferente. Hoje já não tenho mais o mesmo tempo, já não tenho mais as mesmas vontades. Acho que é aqui que o presente se desencaixa do passado e do futuro e o nosso âmago nos abriga a fazer algo diferente. Podia simplesmente ir embora, mas não gosto de cinzentos e não achei que fosse correto deixa a janela a bater ao vento! Foi por isso que vim fechá-la!

Não aceito lágrimas, claro que se as houvesse seriam só minhas, mas não as aceito na mesma. Um fim não tem que ser necessariamente uma coisa má e é nisso que eu acredito. Ao contrário do que nos dizem tantas vezes, a mudança é uma janela de oportunidades e em lado nenhum está escrito que seja sinónimo de dificuldades. No fundo, o que eu preciso é de uma Janela nova porque mesmo quando as coisas são difíceis não têm que ser más!

Para não me alongar mais, como se este post tivesse que ser o maior e o mais longo alguma vez janelado… Despeço-me, agradecendo! Agradeço, agradeço a todos! Aos que me leram, aos que me criticaram, aos que me aplaudiram, aos que me apoiaram e ainda mais agradeço a todos os que viveram comigo nesta Janela de MIM!

Bem-hajam!

FIM!

vinte e nove de fevereiro

Hoje é um dia especial, um dia que não acontece sempre, um marco no tempo de quem vai vendo o seu passar… De quatro em quatro lá aparece este para nos mostrar que as pequenas imperfeições tornam o mundo ainda mais perfeito. Então paremos… Pensemos um pouco no fluir da vida, em tudo o que vamos deixando para trás, em tudo o que queremos encontrar pela frente!

Para mim, já o disse aqui, os bissextos são místicos, intensos, fora de série. São anos únicos, ímpares, palco de acontecimentos diferentes de tudo o que já se experimentou até então. Os bissextos estão sempre ligados a sentimentos de mudança, de crescimento, de evolução. Podem até e ao mesmo tempo ser sinónimos de grandes perdas e de grandes vitórias. Enchem-nos e esvaziam-nos de tudo o que somos para depois podermos ainda ser outras coisas mais diferentes! Nasci num ano bissexto, talvez a nossa relação de proximidade tenha começado aí… Foi sem dúvida um ano histórico na minha vida!

A este ano bissexto que agora vivemos ainda não lhe encontrei a força e, para falar a verdade, tenho sempre um pouco de medo desse momento. Nunca tenho a certeza se ele me vai dar ou tirar alguma coisa, não sei se o momento que me espera é de lágrimas ou gargalhadas. Mas hoje senti que não posso simplesmente ficar à espera…

Há uns tempos, aprendi uma palavra nova. Não foi eu que a inventei, pois é certo que ela não existe no dicionário, bem como é certo que gostava de ter sido… Ora, quando não há nenhum vocábulo que signifique em pleno o que sentimos, que se criem palavras novas e que se faça a língua evoluir! Assim sendo, este bissexto só me tem sabido a: Fartitude!

FARTITUDE – substantivo feminino; conjunto de circunstâncias rotineiras, essencialmente aborrecidas e desagradáveis que causam no sujeito um cansaço repetitivo…

 

O 31 que é a minha vida… p4

Hoje é só mesmo para avisar que o Natal está quase aí, estamos já a menos de um mês e por isso a contagem decrescente começou…

Quando a prendas, não preciso de nada para o ano novo! Como diria uma amiga minha: “Basta-nos Atitude!”

Quando a outras coisas, já comprei a agenda que me vai acompanhar em 2016, por isso se me quiserem oferecer coisas, esta categoria já está preenchida!

Faz parte desta coleção da Ambar e é o meu destino mais desejado! Espero fazer de cada dia do novo uma inspiração…

2015_11_26

31 e 7 meses e 11 dias

O 31 que é a minha vida… p3

Hoje estou de folga, finalmente! Após 9 jornadas seguidas sem parar, dias esses que me destruíram as costas, as pernas e mais um pouco da alma, estou finalmente a viver o merecido descanso… Na verdade mais do que merecido, porque o que ninguém merece é trabalhar tanto tempo!

Depois de me ter dado ao luxo de dormir sem despertador, acordei bem disposta. Mas também natalina! Sim, eu sei que ainda faltam dois meses para o Natal, mas que mal há em começar a preparar e a aproveitar já uma das melhores coisas que o Inverno tem? Hoje começo com as listas (eu e as minhas listas intermináveis), as listas das pessoas a quem quero escrever, a quem quero fazer chegar a minha amizade e o meu amor. Vou fazer também a lista das decorações que é preciso comprar e fazer e ainda as listas das receitas novas a experimentar! Este ano vou fazer bolo rei… com as minhas próprias mãos… aos…

31 e 6 meses e 12 dias

O 31 que é a minha vida… p2

Há uns dias à noite estive a pensar se passar os 30 é ainda crescer ou será já envelhecer. Queria perceber a toda a força se estes conceitos se envolvem ou se excluem, mas sinceramente não cheguei a nenhuma conclusão definitiva! Estando de pé a fazer algumas tarefas quotidianas depois de muitas horas de trabalho, parecia-me apenas que passar os 30 é envelhecer… ou não estivessem as dores nas costas a tramar-me aquele fim de dia. Por outro lado, não podia ignorar simplesmente a montanha de coisas que a cada dia vou aprendendo, porém também não posso deixar de ver como estas últimas aprendizagem são tão mais aborrecidas e tristes que as da verdadeira juventude.

Mergulho na Natureza

31 e 6 meses e 7 dias

LisboAcolhe

Cheguei há pouco do trabalho, a queixar-me mentalmente dos dias em que me custa trabalhar até à noite e chegar a casa e não encontrar companhia. Liguei a televisão para que ela me pudesse encolher a solidão e fiquei-me logo pela RTP 1. Afinal o meu serão começava em grande brindado com um dueto entre a Sara Tavares e o Carlão!

A RTP está a transmitir o espectáculo de apoio ao refugiados sírios que o nosso país vai acolher e ao passar por cada música fui-me apercebendo de como são pequenos os meus problemas. Apesar de todas as coisas menos boas que vejo a acontecer no meu país, no céu há uma lua fantástica que vive em paz, não há bombas nem armas a correr as ruas. Apesar de às vezes ser complicado trabalhar até tarde, eu tenho um trabalho que me permite viver e ter sonhos, esperança num amanhã melhor. Apesar de ter chegado a casa sem encontrar ninguém, eu tenho uma casa, uma família, alguém que sei que volta sempre para mim!

Como disse o Carlão, temos que ser do mundo, temos que saber entender os problemas dos outros sem centrarmos o mundo no nosso umbigo. A Rita Redshoes disse que não sabe se o Amor é a solução para todos os problemas, mas que ajuda sempre. Eu concordo com ela! Temos que saber amar as nossas pessoas, mas também as pessoas do mundo quando elas mais precisam que saibamos estender a mão! A vida não é só pedir, também é dar!